O Futuro da Mente: entre a tecnologia e a arte (respiro e digressão)

Participei (como ouvinte) ontem das 1as Jornadas Luso-Brasileiras de Pensamento Contemporâneo, intituladas O Futuro da Mente: entre a tecnologia e a arte, um evento on-line organizado por um grupo de pesquisadores do Brasil e de Portugal, incluindo meu colega de departamento Ralph Bannell.

O programa do evento está disponível aqui, e os resumos das apresentações, aqui. Entre elas, a apresentação de Thiago Cabrera, também meu colega de departamento e membro do DEdTec, apresentou as bases, partindo da Fenomenologia de Husserl, em particular, sobre as quais vem explorando a potência do ficcional audiovisual, um assunto que me interessa.

Em várias das falas, foram mencionados ilustrações e exemplos do domínio do sonoro e/ou musical, e isso sempre me chama a atenção, junto com argumentação que levante objeções à concepção do digital como imaterial. Focalizando na materialidade do digital, um dos palestrantes sugeriu que a tela touch, ao ser tocada, não oferece resistência. Para mim, porém, a inclusão de sons nessa operação modifica a experiência de utilizar esse tipo de tela significativamente (eu sou daquelas pessoas chatas que gostam de experimentar com diferentes efeitos sonoros na digitação). Lembrei que saí do meu doutorado com a ideia de que todos os sentidos estão envolvidos na experiência musical (do sonoro, de forma geral), ou seja, não é apenas a audição – na época, comecei a ler sobre as experiências de músicos surdos e de pessoas com sinestesia, e, muitos anos depois, já em outras trilhas, encontrei David le Breton caminhando nessa direção em seu Antropologia dos sentidos. Fiquei então pensando que talvez toda experiência “estética” seja de todos os sentidos, ou seja, que a nossa divisão entre os sentidos é meio arbitrária, ainda que possa ser necessária – isso apimentaria qualquer discussão sobre a “natureza” do “virtual” e do “ciberespaço” (veja o capítulo 14 aqui para um argumento sustentando que se trata de uma “alucinação consensual acadêmica”), e me parece relevante em tempos de VR e AR.

Achei também interessante ver a velha discussão (para algumas gentes que conheci no passado, incluindo meu orientador de doutorado, an old chestnut – adoro essa expressão) em torno do que seria música (com uma referência a Susanne Langer e seu Philosophy in a New Key, a primeira recomendação de leitura que o orientador me passou) dar sinais de que ainda vai muito bem, obrigada. Acho que é um assunto bem difícil de abordar sem um mínimo de jargão teórico da musicologia – não como tecnicalidade esvaziada, mas por aquilo de conceitual que pode apontar (ocultar?), e que é necessário (creio) para nos levar para além de um “senso comum” quase invariavelmente baseado em preferências pessoais. Mas admito que possa estar sendo excessivamente preciosista.

Enfim, foi um dia excelente de respiro intelectual que me tirou de um cotidiano ultimamente repleto de tarefas administrativas.

Em tempo: acho que vale a pena ficar de olho no blog da Camila Leporace, uma das mediadoras, caso apareça lá uma resenha detalhada das discussões.

Apresentações de membros do DEdTec na 23rd Media Ecology Association Convention

Entre 7 e 11 de julho, ocorreu no campus da PUC-Rio a 23rd Media Ecology Association Convention, organizada localmente por uma comissão liderada pela Profa. Adriana Braga, do Dept. de Comunicação da PUC-Rio, e contando com a colaboração dos Profs. Rosália Duarte, da Educação, e Edgar Lyra, da Filosofia, bem como um grupo (bem animado!) de voluntários estudantes da instituição. Tive uma participação muito limitada nessa organização (pois acabara de assumir a coordenação do PPGE), praticamente reduzida a uma fala inicial de boas-vindas da parte da comissão organizadora local. Fotos do evento estão disponíveis na Página da MEA no Facebook, e o livro de resumos está disponível aqui.

Tivemos duas apresentações (em painel que organizei com a Profa. Mylene Mizrahi) do DEdTec: das queridas Cíntia Barreto (cuja pesquisa de mestrado focaliza os podcasts ditos “educativos” na podosfera nacional) e Camilla Borges (cuja pesquisa de mestrado consiste em um estudo do fenômeno dos professores influencers – uma autoetnografia, já que Camilla faz parte dessa comunidade, sendo conhecida como @profmillaborges e @patroa). As apresentações das duas foram muito bem recebidas: houve uma conversa animada ao final, e ambas receberam elogios de participantes pela consistência, clareza e fluência de suas falas (#orgulhodeorientadora!)

Eis os resumos dos trabalhos apresentados:

Tendências da podosfera “educativa” brasileira (Cíntia)

Com cerca de 34,6 milhões de ouvintes, o Brasil ocupa hoje o segundo lugar no ranking dos países que mais consomem podcasts, atrás apenas dos EUA (ABPod, 2021). Muitos aderiram a esta mídia a partir da pandemia da COVID-19, alegando que o formato intimista contribuía para que se sentissem menos sozinhos em contexto de isolamento social (Globo, 2021). Além de entretenimento e informação, os podcasts têm como um de seus principais objetivos declarados, tanto por produtores, quanto por consumidores, promover a aprendizagem. De fato, a podosfera brasileira é rica em ofertas categorizadas como “educativas”, mas esses podcasts não são, via de regra, produzidos por instituições educacionais. Esta comunicação apresentará reflexões fundamentadas em uma pesquisa de mestrado que objetiva compreender, a partir de um recorte da podosfera, como são constituídos os podcasts categorizados como “educativos”. A produção e o consumo de podcasts figuram de modo promissor na literatura acadêmica relativa a usos em contextos da educação formal, mas, diante da vasta oferta de podcasts caracterizados como “educativos”, a pesquisa aborda questões relativas à sua produção, seus produtores e seus propósitos de produção, bem com o conteúdo desses podcasts. Tomando como empiria os próprios podcasts, bem como material promocional de sites e comentários em fóruns de discussão, serão apresentados achados preliminares de uma análise que focaliza gêneros e temas, com o intuito de identificar tendências e preferências relativas às formas nas quais, no atual contexto de midiatização da educação, concebe-se aquilo que se qualifica como “educativo”.

REFERÊNCIAS
ABPod. PodPesquisa 2020-2021. Disponível em: https://abpod.org/wp-content/uploads/2021/10/Podpesquisa-Produtor-2020-2021_Abpod-Resultado- ATUALIZADO.pdf. Associação Brasileira de Podcasters, 2021. Acesso em: 25 fev. 2022.
GLOBO. Podcasts e a crescente presença entre os brasileiros. Disponível em: https://gente.globo.com/pesquisa-infografico-podcasts-e-a-crescente-presenca-entre-os-brasileiros/. Gente, 2021. Acesso em 25 fev. 2022.

Reflexões sobre usos de storytelling por professores influencers (Camilla)

As mídias vêm ganhando cada vez mais espaço em nossas vidas, contribuindo para profundas transformações em nossas formas de adquirir e produzir conhecimento. Nesse contexto, o ensino e aprendizagem vêm escapando aos confins das salas de aula formais para ocupar outros espaços que vêm sendo utilizados maciçamente para fins educativos: as redes sociais. Esta comunicação consiste em um recorte de uma pesquisa de mestrado cujo objetivo geral é compreender como se constitui um novo tipo de professor surgido no atual contexto de midiatização da educação (Rawolle; Lingard, 2014): o professor influencer. Esses professores atuam em um cenário no qual muitos conseguem atrair números expressivos de alunos/seguidores, alcançando, em alguns casos, o status de celebridade. Professores influencers trabalham em redes sociais produzindo materiais pedagógicos a partir da utilização de técnicas de storytelling. Trata-se, aqui, segundo Couldry (2008), de um conjunto de técnicas que propicia a contação, a troca e o armazenamento de narrativas pessoais na Web. Diante da pluralidade das mídias utilizadas, essas narrativas difundem-se de formas distintas que permitem sua retransmissão e reutilização. A pesquisa baseia-se em uma etnografia virtual conduzida pela primeira autora no contexto do ensino de português e redação nas plataformas Instagram e YouTube. Sendo nativa desse campo, utiliza-se de storytelling como técnica e como vivência, com o intuito de promover conexões intelectuais, afetivas e emocionais com seus alunos/seguidores. Esta comunicação irá apresentar reflexões relativas aos usos feitos de storytelling por professores que, ao protagonizar narrativas articuladas nos conteúdos que exibem nas redes, reconstroem-se como sujeitos. 

REFERÊNCIAS

COULDRY, Nick. Mediatization or mediation? Alternative understandings of the emergent space of digital storytelling. New Media and Society 10: 373–391, 2008.

RAWOLLE, S.; LINGARD, B. Mediatization and education: a sociological account. In: LUNDBY, K. (Org.) Mediatization of Communication. Handbooks of Communication Science v. 21. (p. 595-612). Berlin: De Gruyter Mouton, 2014.

Fique calmo e candidate-se (mas não relaxe na preparação!)

Estão abertas entre hoje (21/06) e 05/08 as inscrições para o Mestrado e o Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC-Rio, onde atuo.

Tenho participado de processos seletivos para a pós-graduação há anos, e encontro, com frequência, os mesmos tipos de lacunas e questões na documentação e na apresentação dos candidatos. Então, além de contribuir um pouco com a divulgação, pensei também em deixar aqui algumas dicas genéricas.

A questão fundamental a ser considerada é que processos seletivos são sempre fortemente competitivos (muito mais gente do que vagas), então, para que o candidato tenha as melhores chances, precisa estar bem informado e mostrar isso da melhor forma possível.

Pode parecer óbvio, mas, sinceramente, não é o que se vê sempre. Ocasionalmente, fica bem claro para nós, avaliadores, que a documentação foi feita na última hora, sem muito cuidado – como fica bem óbvio que a preparação para a prova também deixou muito a desejar. No caso de provas escritas (na Educação da PUC-Rio, apenas a seleção de mestrado prevê uma etapa dessa natureza), geralmente há uma bibliografia indicada, que precisa ser estudada. Porém, na hora da correção, sempre vemos exemplos de respostas que sugerem que o candidato nem olhou os textos… É uma pena: um gasto inútil (pois a maioria dos candidatos terá estudado, e provas são sempre eliminatórias) e um desgaste improdutivo (encarar uma prova sem ter estudado em meio a muitos outros que se prepararam adequadamente).

Isso tem sido mais raro, na minha experiência. Contudo, o que não é nada raro – e aí começam os comentários sobre as lacunas – é a falta de atenção a detalhes.

Em geral, um edital é um documento relativamente longo e detalhado, e é preciso estar atento ao que é pedido. Por exemplo, é preciso tomar cuidado com a formatação de documentos (pré-projeto, memorial, etc.), com a própria lista de documentos (é preciso entregar tudo que é pedido, obviamente), com datas, detalhes de contato para esclarecimento de dúvidas, ou seja, é preciso ler e atender às demandas do edital. Sem isso, candidaturas podem ser (e são, infelizmente) recusadas logo de início ou, até mesmo, em alguma etapa já adiantada do processo.

Assim como o estudo cuidadoso de textos indicados para a prova, se houver, e a preparação de documentação dentro das orientações do edital em consideração, é essencial que o candidato se familiarize com o Programa de Pós (PPG) para o qual está se candidatando.

Uma das perguntas mais comuns em entrevistas (em qualquer entrevista, na verdade, uma pergunta para a qual o candidato deve sempre se preparar) é a seguinte: “por que você escolheu este PPG?” Uma resposta bem fundamentada a essa pergunta é sempre esperada, e, para isso, o candidato precisa estar minimamente informado sobre o programa: suas linhas de pesquisa, que definem o escopo das pesquisas conduzidas no programa, os grupos de pesquisa, que delineiam áreas temáticas dentro dessas linhas, e, por fim, o trabalho dos docentes, que coordenam grupos, desenvolvem pesquisas e orientam projetos. As possibilidades de orientação nem sempre são explicitadas em editais (alguns editais definem o número de vagas oferecidas por cada docente do programa, mas não é o caso dos nossos), mas, minimamente, espera-se que qualquer candidato a uma vaga em um PPG tenha alguma noção acerca das pesquisas nele desenvolvidas.

Acho meio constrangedor entrevistar pessoas que não têm a menor ideia sobre o programa no qual pretendem ingressar, principalmente se for um candidato ao doutorado. Não é uma questão de o candidato já escolher o orientador (essa nem sempre é a prática), mas sim de mostrar que compreende, minimamente, que a pesquisa é um processo social, ou seja, não é algo que se faz sozinho, isolado do resto do mundo. Todos os PPG têm sites próprios, com listas de grupos e links para suas páginas ou sites de grupos, links para os respectivos currículos Lattes dos professores, enfim, há informações importantes na Web para o candidato acessar com um mínimo de mineração.

Resumindo as dicas:

1- Leia o edital com muita atenção;

2- Visite o site do programa no qual quer ingressar e se informe sobre as linhas de pesquisa, grupos de pesquisa e docentes, com atenção redobrada a projetos e publicações;

3- Visite o currículo Lattes dos docentes cujas linhas de pesquisa e grupo lhe pareçam interessantes e consistentes com o que você gostaria de estudar; em particular, se o edital ao qual você quer se candidatar explicita vagas por docentes, você precisa caprichar nessa familiarização com o escopo do trabalho e produção dos professores. Se não, identifique a linha e os docentes com os quais sua proposta mais se aproxime, e familiarize-se com as temáticas das pesquisas em curso, inclusive, lendo publicações do(s) grupo(s).

4- Organize sua documentação com antecedência, revise tudo que escrever e confira no edital que ela está completa e dentro do formato exigido.

Não é tão complicado, mas exige tempo e cuidado.

Por fim: para saber mais sobre o processo seletivo de mestrado e doutorado do Dept. de Educação da PUC-Rio, especificamente, clique na imagem abaixo.

Aproveito para explicar que a alocação de orientação em nosso PPGE é feita apenas no final do processo seletivo, pelo Colegiado de Pós, então questionamentos preliminares de possíveis candidatos não influenciam nem o processo, nem a alocação.

Lançamento de *Deseducando a Educação: mentes, materialidades e metáforas*

Uma das mesas a serem realizados durante o I Seminário Internacional Reconceitualizando a Educação, organizado pelo Departamento de Educação da PUC-Rio, marcará a apresentação do livro Deseducando a Educação: mentes, materialidades e metáforas. A mesa será composta pelos Profs. Ralph Bannell, Mylene Mizrahi e Giselle Ferreira (eu!), organizadores do volume, com mediação do Prof. Karl Erik Schollhammer, do Dept. de Letras da PUC-Rio.

A coletânea reúne textos em torno dos três eixos temáticos que estruturam o livro: mentes, materialidades e metáforas. A primeira parte, org. pelo Prof. Ralph, focaliza teorização recente sobre a cognição. A segunda parte, sob a responsabilidade da Profa. Mylene, traz uma gama de contribuições muito interessantes da Antropologia. Por fim, a minha parte congrega textos que exploram metáforas como eixos de discussão de questões da educação. O livro contou com a colaboração de autores nacionais e internacionais bastante respeitados em suas áreas de atuação.

Quer saber mais? Junte-se a nós no dia 15! A conversa será transmitida pelo canal do Departamento de Educação no YouTube, neste link.

O livro será disponibilizado como e-Book de acesso livre – divulgaremos os detalhes de acesso assim que possível.

Ah! Antes de clicar em “publicar”, deixo o convite também para, quem achar interessante e puder, que nos ajude a divulgar – o cartaz pode ser baixado aqui.

Seminário Internacional *Reconceitualizando a Educação* – programação!

Conforme anunciei anteriormente, o Departamento de Educação da PUC-Rio realizará em 15 e 16 de abril o I Seminário Internacional de seu projeto de internacionalização Formação Humana, Cultura e Aprendizagens, coordenado pela Profa. Rosália Duarte. O projeto, financiando pelo Programa Capes-Print, articula pesquisas de professores do PPGE/PUC-Rio desenvolvidas em interlocução com colegas de instituições estrangeiras.

Como sugere o título desta edição – Reconceitualizando a educação – o foco do Seminário é a busca por novos rumos para pensar a Educação como disciplina acadêmica e prática social. O evento contará com a participação de parceiros internacionais e nacionais em discussões sobre resultados de pesquisa e possíveis desdobramentos futuros dos diálogos que temos conduzido. Em particular, haverá o lançamento da coletânea Deseducando a Educação: mentes, materialidades e metáforas, organizada em uma parceria envolvendo os Profs. Ralph Ings Bannell, Mylene Mizrahi e Giselle Ferreira (a autora deste post).

As mesas serão transmitidas pelo canal do Dept. de Educação da PUC-Rio no YouTube.

As rodas serão conduzidas em sessões do Zoom organizadas pelos respectivos professores anfitriões das conversas. Para obter o link de acesso, entre em contato com o(s) anfitrião(ões) da(s) roda(s) de seu interesse (os detalhes para contato estão aqui).

A programação completa pode ser baixada em pdf neste link, mas copio abaixo o programa com links adicionais para informações sobre os participantes e material promocional que estamos utilizando para disseminar o evento nas redes.

Programação

Quinta-feira, 15 de abril de 2021</h4

9:30h – Cerimônia de abertura. Baixe aqui o cartaz.

10:00h – Mesa Redonda – Apresentação do livro-base do Projeto Deseducando a Educação: mentes, materialidades e metáforas. Professores Ralph Bannell, Mylene Mizrahi e Giselle Ferreira. Mediação do Prof. Karl Erik Schollhammer (Letras, PUC-Rio) Baixe aqui o cartaz.

14:00h – Diálogos Transversais – rodas de conversa dos grupos de pesquisa com parceiros internacionais e nacionais.

Recepção Cultural e públicos em ação. Cristina Carvalho (Gepemci PUC-Rio), João Teixeira Lopes (Universidade do Porto), Ana Dias Chiaruttini (Université Côte d’Azur). Baixe aqui o cartaz.

Materialidade e transformação. Mylene Mizrahi (EstetiPop PUC-Rio), Cristina Toren (University of Saint Andrews), Ana Maria Gomes (UFMG), Isabel Carvalho (UFMG), Profa. Chantal Medaets (UNICAMP). Baixe aqui o cartaz.

Metáforas. Giselle Ferreira (DEdTec PUC-Rio), Márcio Lemgruber (UFJF), Diogo de França Gurgel (UFF). Baixe aqui o cartaz.

Cinema & Educação Brasil e Portugal. Rosália Duarte (Grupem PUC-Rio), Mirna Juliana Fonseca, Raquel Pacheco (Universidade Nova de Lisboa), Maria Angélica dos Santos (Programa de Alfabetização Audiovisual). Baixe aqui o cartaz.

Educação inclusiva no Ensino Superior. Zena Eisenberg (Grudhe PUC-Rio), Sílvia Brilhante (PUC-Rio), Maria Helena Martins (Universidade do Algarve). Baixe aqui o cartaz.

16:00h – Exibição de entrevistas: Andy Clark (University of Sussex) – Ezequiel Di Paolo (Basque Foundation for Science) – Cristina Toren (University of Saint Andrews) – Christa Whitney (Yiddish Book Center).

Sexta-feira, 16/4/2021

10:00h – Mesa RedondaPaulo Freire Internacional – Maria Inês Marcondes (PUC-Rio),  Gustavo Fischman (Arizona State University) e Tristán MacCowan (Institute of Education, University College London). Baixe aqui o cartaz.

14:00h – Diálogos Transversais – rodas de conversa dos grupos de pesquisa com parceiros internacionais e nacionais

Estética e Educação. Mylene Mizrahi (PUC-Rio), Marjorie Murray (PUC-Chile), Veronica Garcia Lazo (PUC-Chile), Baixe aqui o cartaz.

A educação popular na América Latina nos anos 1960. Patrícia Coelho (PUC-Rio), Fernando Gouvêa (UFRRJ), Cíntia Oliveira (UNESA), Renato Pontes (PUC-Rio), Baixe aqui o cartaz.

16:00h – Encerramento

I Seminário Internacional *Reconceitualizando a Educação* na PUC-Rio

Em 15 e 16 de abril próximos, será realizado o I Seminário Internacional *Reconceitualizando a Educação*, organizado por participantes no projeto Formação Humana, Cultura e Aprendizagens, coordenado pela Profa. Rosália Duarte.

O projeto envolve vários outros dos meus colegas do Departamento de Educação da PUC-Rio na construção de uma rede internacional de parcerias de pesquisa, com financiamento do Programa Capes-Print. O coordenador internacional do projeto é o Prof. Gustavo Fischman, da Arizona State University.

Teremos diversas mesas e rodas de conversas sobre assuntos bastante interessantes, e a primeira delas será dedicada ao lançamento do livro Deseducando a Educação: mentes, materialidades e metáforas, que compõe a fundamentação teórica do projeto. Minha contribuição ao livro focaliza a parte relativas às metáforas.

O livro está saindo do forno, assim como a programação e o resto do material promocional do evento. Assim que estiver com tudo em mãos, postarei aqui.

As mesas serão transmitidas pelo Canal do Dept. de Educação da PUC-Rio no YouTube, e as rodas serão feitas pelo Zoom (com inscrições via formulários no Google Drive).

Em breve!

Entre a ficção e a realidade: uma experiência

No 7o Colóquio de Pesquisas em Educação e Mídias, que aconteceu on-line na semana passada, apresentei, junto com alguns dos integrantes do DEdTec, um relato sobre o trabalho que conduzimos em 2020.2: Uma experiência de formação com a ficção durante a pandemia: da distopia à esperança. Eis a proposta original:

Apesar da euforia em torno das tecnologias de internet como meios para manter as instituições educacionais em funcionamento durante a pandemia de covid-19, a realidade representada em relatos de jornais, blogs e artigos científicos é bastante diversa. Mundo afora, vidas estão sendo profundamente afetadas (ou, infelizmente, perdidas), e, no âmbito da educação em um país com desigualdades tão marcantes quanto o nosso, professores e estudantes têm enfrentado desafios, em alguns casos, intransponíveis. Mais do que nunca, talvez, a profissão docente se revela como uma das profissões do cuidado: somos formadores de seres humanos. Em particular, na crise que estamos vivendo, nossas propostas pedagógicas precisam superar uma visão “conteudista” do currículo e considerar as possibilidades e limites do aqui e agora, integrando-as, na medida do possível, em nossas ações junto aos nossos alunos.

Nesse sentido, esta proposta baseia-se em uma reflexão sobre uma experiência conduzida, no segundo semestre de 2020, com um grupo de estudantes em processo de formação para a pesquisa em Educação. Na esteira de experimentações anteriores (por ex., Ferreira et al. 2020; Rosado et al, 2015), e inspirada em literatura que explora o potencial da ficção como um recurso formativo (por ex., Aquino & Ribeiro, 2011; Lemos, 2016), a experiência em questão teve dois objetivos principais: (1) apoiar o desenvolvimento de criticidade acerca da relação entre a educação e a tecnologia, utilizando cenários ficcionais que exploram a relação entre humano e máquina; (2) proporcionar um espaço de discussão que possibilitasse a articulação entre o acadêmico e o não acadêmico, sobretudo o pessoal e o vivido. Nesse sentido, foram selecionadas algumas obras de ficção distópica como base do trabalho do grupo ao longo do semestre, complementadas com textos acadêmicos (incluindo Postman, 2005 [1985], Coeckelbergh, no prelo; Haraway, 2009 [1991], dentre outros).  

As seguintes obras foram examinadas em encontros síncronos semanais: (a) Autofab, episódio do seriado Electric Dreams que revisita e atualiza, para o nosso momento de expansão da Inteligência Artificial e criação de robôs antropomórficos, o conto de Phillip K. Dick escrito na década de 1950, quando os temores da humanidade tinham por objeto a tecnologia nuclear; (b) Frankenstein, de Mary Shelley, um clássico da literatura gótica vitoriana considerado o precursor da ficção científica; (c) Metropolis, de Fritz Lang, um clássico do expressionismo alemão que, além de constituir um marco na história do cinema, permanece intensamente relevante em sua exploração da relação entre tecnologia e sociedade; e (d) Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, uma obra publicada em 1932 de notável presciência, que mantém viva sua atualidade, em particular, no que diz respeito às decorrências do avanço tecnológico para a reprodução biológica e sociocultural, conforme destacou Postman (2005 [1985]).

A apresentação aqui proposta irá abordar: (a) os fundamentos teórico-conceituais e a metodologia planejada para a experiência; (b) leituras do grupo a partir das obras (e articulações entre elas), focalizando em formas nas quais essas obras podem nos ajudar a compreender e questionar o contexto atual mais amplo no qual a educação se insere; (c) questões imbricadas nos processos comunicacionais remotos síncronos em um contexto considerado, em si mesmo, distópico. Nele, a experiência mostrou-se não apenas um exercício intelectual, mas sim uma exploração criativa e fortemente solidária, que acolheu e promoveu a reflexão individual e a construção compartilhada de significados em/sobre um contexto desafiador e circunstâncias, com frequência, delicadas. Assim, em uma perspectiva mais ampla, a experiência constitui-se em um exemplo de como a reflexão a partir de narrativas distópicas pode se tornar um alicerce para a humanização, a resistência e, quiçá, a esperança.

Palavras-chave: educação superior na pandemia; distopia; ficção científica; formação de pesquisadores

Referências

AQUINO, J.G.; RIBEIRO, C. (Org.). A Educação por vir: experiências com o cinema. São Paulo: Cortez, 2011.

AUTOFAC (Temporada 1, ep. 8). Electric Dreams [Seriado]. Direção: Peter Horton. Podução: Channel 4 Television Corporation e Sony Pictures Television, 2017. 1 vídeo (51 min).

COECKELBERGH, M. Antropologias do monstro e tecnologia: máquinas, ciborgues e outras ferramentas tecno-antropológicas. In: BANNELL, R.I.; MIZRAHI, M.; FERREIRA, G.M.S. (Org.) Deseducando a educação: mentes, materialidades e metáforas. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, no prelo.

DICK, P.K. Autofab. In: DICK, P.K. Electric Dreams. Trad. Daniel Luhmann. São Paulo: Aleph, 2017 [1955].

FERREIRA, G.M.S. et al. Estratégias para resistir às resistências: experiências de pesquisa e docência em Educação e Tecnologia. e-Curriculum, v. 18, n. 2, p. 994-1016, 2020. Disponível em: < https://doi.org/10.23925/1809-3876.2020v18i2p994-1016 >. Acesso em: 15 jan. 2021.

HARAWAY, D. O manifesto ciborgue. In: Tadeu, T. (Org.) Antropologia do ciborgue. As vertigens do pós-humano. Trans. Tomaz Tadeu. 2a ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2009 [1991].

HUXLEY, A. Admirável Mundo Novo. Trad. Vidal de Oliveira e Lino Vallandro. Porto Alegre: Ed. Globo, 1979 [1921].

LEMOS, D.C.A. (Org.) Distopias e Educação. Entre ficção e ciência. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2016.

METROPOLIS. Direção: Fritz Lang.  Produção: Erich Pommer. Alemanha / Finlândia: Universum Film / Yleisradio, 1927/2010. 1 DVD (153 min.).

POSTMAN, N. Amusing ourselves to death. Public discourse in the age of show business. 20th anniversary edition. Nova York; Londres: Penguin, 2005 [1985].

ROSADO, L.A.S. et al. De Metropolis a Matrix: arte e filosofia na formação de pesquisadores em educação. Leitura: Teoria e Prática, v. 33, n. 54, p. 97-110, 2015. Disponível em: < https://ltp.emnuvens.com.br/ltp/article/view/371/272 >. Acesso em 15 jan. 2021.

SHELLEY, M. Frankenstein, ou o Prometeu moderno. Trad. Bruno Gambarotto. São Paulo: Hedra, 2013 [1818].

Os slides da apresentação podem ser baixados neste link.

Infelizmente, meu parceiro nessa aventura de trabalho com filmes e livros, o Prof. Márcio Lemgruber, não conseguiu estabilizar sua conexão à Internet na hora da sessão e, assim, não conseguiu participar, mas eu e Kadja Vieira, mestranda no DEdTec, fizemos a apresentação. Kadja criou o layout para os slides, deixando apenas alguns detalhes para eu finalizar, pois já tínhamos aproveitado a primeira sessão de discussão do grupo neste semestre para organizar as ideias, até porque há muita gente ingressando no grupo agora e achei importante darmos uma ideia ao pessoal novo sobre os caminhos que trilhamos no ano passado.

As perguntas que recebemos foram bastante interessantes e permitiram que elaborássemos um pouco mais as ideias, tanto sobre a experiência em si, quanto sobre as pesquisas em andamento. Gostaria, porém, de dar destaque às respostas dadas por minhas orientandas, que mostraram como a experiência tem sido, de fato, produtiva: como orientadora (professora, de forma mais geral), não espero que meus alunos saiam pelo mundo repetindo o que digo (aqui lembro sempre do amigo Alexandre Rosado, com quem compartilho um horror a sectarismos acadêmicos), mas que se apropriem das ideias com as quais têm contato por meu intermédio e, principalmente, que as questionem sempre. As palavras das três – Kadja, Juliana e Cristal – sugeriram que estamos mesmo a caminhar dessa forma, o que me deixou bastante satisfeita.

Quero também ressaltar o papel fundamental do Prof. Márcio no processo que tem permitido que nosso espaço de discussão vá se constituindo como um espaço livre, protegido, acolhedor e fortemente dialógico: temos uma crença compartilhada de que é mais importante dizer algo sobre o que alguém disse do que simplesmente repetir o que já foi dito, sempre, obviamente, de forma consistente com o momento de formação de cada um. Por outro lado, não abandonamos o papel que nos cabe, como docentes, no sentido de dar apoio e direcionamentos possíveis a cada um que embarque na construção desse caminho que pensamos ser a criticidade.

Tem sido um privilégio estar com ele e com todos que escolhem permanecer no grupo, e é desse estar junto, mesmo que on-line, que a esperança vai se nutrindo – como disse o escritor Ítalo Calvino no fechamento de seu maravilhoso As Cidades Invisíveis,

7o Colóquio de Pesquisas em Educação e Mídias

Aconteceu, na semana passada, o 7o Colóquio de Pesquisas em Educação e Mídias / 3a Escola de Primavera em Educação e Mídias Guaracira Gouvêa. O evento foi reagendado da primavera de 2020 para o início do outono de 2021, por causa da pandemia.

Muita gente esteve envolvida na organização do CPEM, que se deu inteiramente on-line pelo canal do evento no YouTube (as sessões principais) e Zoom (as rodas de conversa). A programação completa está nesta página no site do evento.

Infelizmente, não consegui participar de todas as sessões que havia planejado, devido a conflitos em minha agenda, mas o sentimento que tive, a partir das sessões nas quais consegui participar, foi de uma certa tristeza, por um lado, e muita garra, por outro. Esse foi o primeiro CPEM conduzido sem uma de suas idealizadoras e organizadoras mais presentes, a Profa. Guaracira Gouvêa, não mais entre nós, e ela foi carinhosamente lembrada e homenageada.

E, como não poderia deixar de ser, na atual conjuntura de crise generalizada que estamos a viver, o evento constitui-se como uma forma de resistência, como tanto do que está sendo feito na Educação Superior neste momento. A sessão de fechamento foi particularmente emocionante nesse sentido: fica aqui uma lembrança, gentilmente cedida pela querida Jaciara Carvalho!

Contribuí modestamente para a organização como membro do Comitê Científico, e apresentei, com integrantes do DEdTec, um relato de nossa experiência em 2020.2, sobre o qual vou comentar na postagem seguinte: volte em breve para vê-la!