Indo e vindo

by KRiemer @ Pixabay

Desde a última postagem neste blog, de novembro do ano passado, retirei-me de todas as redes sociais nas quais tinha presença (em alguns casos, deletei o perfil, mesmo; em outros, apenas deletei os aplicativos). Em parte, creio que foi uma saturação de telas durante a pandemia (que, aliás, ainda não acabou, mesmo diante de tantos decretos nesse sentido). Lives, lives e mais lives. Aulas e reuniões no Zoom. Enfim, overdose.

A Web está cheia de matérias e ensaios sobre gente que abandona redes sociais (você poder confirmar isso aqui com duas buscas bem toscas: em inglêsem português), então não vou me estender comentando sobre prós e contras desse “abandono” (na verdade, até agora, só vejo prós). Vou apenas dizer que foi oportuno sair de um estado de FOMO como fear of missing out para sentir FOMO como fun of missing out, até porque, na verdade, não estava missing out (perdendo) nada de particularmente importante ou interessante.

Desde então, tive alguns momentos nos quais pensei em retornar apenas pelos memes, que são, por vezes, maravilhosos, mas sempre posso buscá-los quando eles não me encontram, já que, daquele infame aplicativo cujo logo tem um fundo verde, não consegui me livrar. Com isso, não nutro qualquer sentimento de “superioridade moral”, como se tivesse alcançado alguma forma “iluminada” de existência. Pelo contrário: estou presa a esse maquinário comunicacional por vários motivos. Estamos todos presos a ele, de um jeito ou de outro – só que voltei a enxergar mais vida para além dele, e isso me interessou muito mais.

Resolvi, assim, que era hora de re(vi)ver este blog (aliás, fiquei muito surpresa vendo as estatísticas de acesso, apesar do tempo sem nenhuma novidade). Comecei dando uma pequena mexida no visual. Não fiquei satisfeita, mas o tempo é curto, no momento, para experimentar com designs e temas novos (alguns demandam imagens destacadas, e eu teria que rever quase todas as postagens). Isso ficará para outro momento. Atualizei as páginas secundárias, e comecei a esboçar postagens novas.

Indo e vindo, volto em breve.

Constrangimentos acadêmicos

Tentei tirar uns dias das minhas ditas “férias” para fazer um detox de telas (e vale dizer que fracassei miseravelmente, pois, ao contrário de quem acha que a pandemia acaba no momento em que tomamos a segunda dose de alguma vacina, ainda estou saindo de casa apenas para o inevitável, então as telas ainda reinam supremas), e, mesmo antes desse não-retorno, já vinha me deparando com esquisitices que estavam me fazendo pensar mais do que eu queria durante esse (pseudo) descanso.

Uma das bizarrices desses dias apareceu a partir de recomendações de leitura do Google Scholar, que sempre procuro ler, pois, com frequência, são sugestões de fato relacionadas aos meus interesses (o que, em si, já é bizarro). Não vou especificar nenhum dos trabalhos em questão, mesmo sabendo que, com isso, não deixarei nenhuma evidência ao leitor dos meus “achados”, mas prefiro pecar em termos acadêmicos a perder a delicadeza. Enfim, vou apenas descrever o que observei em dois desses textos, que coincidentemente, citavam um trecho de uma publicação minha.

O primeiro texto tirava um trecho de seu contexto original e o reposicionava de forma a sustentar um argumento absolutamente contrário ao que está sustentado no original, a partir de um uso da citação para se referir a algo que não era o assunto em discussão no original. Por sua vez, o segundo texto reproduzia por completo um parágrafo do primeiro, inclusive a citação distorcida do meu trabalho, mas sem citar o primeiro texto. Conversando com um amigo, a palavra “plágio” apareceu, mas como ele mesmo admitiu, isso é algo difícil de identificar e caracterizar até quando existe uma smoking gun, ou seja, uma cópia clara de um trecho de outro texto. Pessoalmente, acho a discussão sobre plágio reduzida à simples ideia da cópia bastante tediosa, ainda que seja bastante lucrativa (mencionei isso em outro post).

Ironicamente, já encontrei alguns exemplos desse tipo de “canibalismo acadêmico” com materiais que publiquei neste blog. Não fui buscá-los, mas chegaram a mim por coincidências variadas: links que me apareceram em feeds de alguma rede social, questionamentos de alunos, trocas de leituras com colegas, enfim, por vias pelas quais a produção acadêmica se dissemina. O mundo não é mais tão grande, de muitas formas, e essas coisas são muito constrangedoras.

Aproveito para deixar o link para um artigo meu que saiu recentemente (sobre educação na pandemia), escrito a partir de um convite muito gentil que partiu exatamente do reconhecimento das ideias circuladas neste blog, que, aliás, está compartilhado sob uma licença Creative Commons. Em outras palavras, tudo que está aqui pode ser citado e reusado – o retorno solicitado é apenas um mínimo de cortesia na forma de citação da fonte.

Mais um dia da marmota

Para quem não sabe: acabou 2020, começou 2021 (ou 2020 Episódio 2), e continuamos a toda em nossa lida na Educação.

É triste ver tanta gente pelo Wild Wild World da WWW afirmando que os professores reclamam demais, trabalham pouco e, durante a pandemia, estão em casa sem nada fazer. A partir daquela ideia de que não se trabalha a menos que se esteja em um dito local de trabalho – quase sempre uma sala mal arejada, poeirenta e alojando mais gente do que deveria -, vivemos sob pressão, invisíveis, mas com a ausência sentida, mesmo que a presença seja incompreendida. São os tempos modernos que vivemos: tempos de massificação, automação, repetição.

Enfim, sigamos – vou tentar aproveitar esta semana de “recesso” (?) inesperado para vir trazendo para cá algumas novidades que foram ficando na pasta de rascunhos ao longo do ano passado. Vou começar pelo mais recente: a participação do DEdTec em um evento na semana passada.

Para começo de conversa…

Levei um tempo razoável para construir as bases deste espaço. Mas finalmente, como a coisa aqui parece estar tomando corpo, mesmo que lentamente, aproveito esses dias ainda sem aulas para colocar o site no ar .

Nesta postagem inaugural (!), achei que caberia trazer algo que já desse uma ideia dos tipos de materiais que serão publicados por aqui. Compartilho, então, os slides de um minicurso do X Seminário Redes da UERJ, que ministrei no início do mês com meus colegas Márcio, Alexandre e Jaciara.

O minicurso abordou algumas ideias básicas, porém não triviais: uma introdução, o começo de uma (longa) conversa.